sexta-feira, 13 de agosto de 2010

FanFic #3- Vire À Direita

Posso provar que nem todas as histórias acabam em um final feliz. A prova disso? Leia essa short fic e verá.

Olá, sou Isabella. A garota que fugiu de casa e agora conta essa história.

Tudo começa com os meus pais, minha quase mãe, madrasta, a carrasca, indescente, maldita. E o meu pai, verdadeiro de sangue mas não verdadeiro na vida real. Perdi a minha mãe verdadeira quando eu tinha 8 anos.

*flashback- 8 anos*

- Papai, o que aconteceu com a mamãe? Ela está lá no carro, mas nem se mexe... – eu estava completamente sem-graça perguntando para o meu pai, chocado ao ver aquela cena. Ele não respondia. Parecia estar paralisado enquanto o mundo girava e os bombeiros, polícia e mais os curiosos nos rodeavam.

- Ela foi para outro lugar, bem melhor. – ele estava soluçando enquanto meus olhos se enchiam de lágrimas.

- Ela foi para o céu, papai? – eu não soluçava, mas eu sentia muita dor no coração enquanto dizia aquilo.

- Acredito que sim. Vamos sair daqui. – Dizia enquanto enxugava as lágrimas do rosto .

- Não fique assim, papai. Ela vai voltar. - vi que depois disso que eu falei, ele me mandou um sorriso com um canto da boca. Não tão feliz, nem tão triste. – Vamos.

*Acaba o flashback*

Logo que aconteceu o acidente de carro, minha mãe nunca mais voltou. Meu pai logo me fez o favor de arranjar outra pessoa para substituí-la. Nunca iria conseguir.

A minha madrasta, era feia, como uma bruxa, era chata, ruim. Nunca gostei dela. Ela influenciou o meu pai a ser bravo comigo.

*flashback-10 anos*

-Pára, pai! Pára, por favor!- eu dizia enquanto meu pai me batia com certeiros golpes de chinelo que soavam como estalos na casa inteira.

Minha madrasta assistia aquela cena de tortura sorrindo por me ver sofrer naquele mundo cruel. Apenas com o canto da boca.

- Cale a sua boca, menina! Senão, será a próxima a ir e não voltar!- se referia a minha verdadeira mãe, já morta. – Sairás desta casa e nunca mais voltarás!- na qual era mísera e pobre.

Espancamento? Essa palavra não era novidade no meu vocabulário. Todo dia era a mesma infatigável rotina.

*Acaba o flashback*

Hoje em dia, eu, com 14 anos, ainda sofro um pouco nas mãos dos meus “queridos” pais. Depois desses incansáveis 4 anos, resolvi mudar dessa rotina, nunca mais ficaria naquela casa.

Meus pais foram comemorar alguma coisa que eu ainda até hoje não faço a menor idéia do que seja. Deve ser o fato de eles terem ganhado um dinheiro a mais no esforçado trabalho deles e jantar fora SEM MIM fosse o melhor lugar para ir.

Era uma boa oportunidade para sair daquela parafernalha rotineira. Daquele mundo preto branco. E vermelho. Vermelho de sangue. Do meu sangue sendo arrancado por duas pessoas totalmente diferentes.

Arrumei algumas coisas para levar e sai de casa. Peguei algumas poucas peças de roupas e uma mísera cota de dinheiro que estava guardada para eventuais consultas. Senti dor, que dessa vez, não era física, e sim, interna.

Antes de deixar aquela casa, deixei um bilhete no qual estava escrito:

“ Deixei o meu lar doce lar para viver em um mundo perigoso, agitado e grande. Espero que estejam felizes pela minha partida.

Isabella”

Abri a porta, e antes de sair dali, resolvi fotografar visualmente a minha (quase) casa. Fechei a porta e olhei para aquela imagem. Provavelmente era a última vez que eu faria aquilo. Lembrou-me uma música que eu amava. Era Turn Right, dos Jonas Brothers, a minha maior inspiração para viver. A tradução do comecinho dela era assim:

“Eu poderia pegar todas suas lágrimas

Deixe-as pra trás

Ir embora sem uma segunda olhada

De alguma forma eu sou o culpado

Por esta interminável pista que chamamos de vida

Vire à direita

Em meus braços

Vire à direita

Você não estará sozinha

Você pode

Sair dessa trilha algumas vezes

Espero te ver na linha de chegada...”

Era uma das minhas músicas preferidas deles.

Saí mundo afora.

Era uma noite fria e tudo o que eu desejava era estar em casa. Era inverno nos EUA e todos estavam em seus abrigos aconchegados em frente às lareiras se divertindo e eu estava abandonada no lado de fora do mundo quente.

Fui surpreendida quando um revólver foi apontado para a minha cabeça e uma voz grossa me pedindo para passar a bolsa. A única coisa que eu possuía ali. Não consegui registrar a face daquele seqüestrador quanto menos percebi, já havia sido roubada. Por pouco não tira a minha vida. Muito pouco.

“ Um beco, bom lugar, acho que não tem ninguém aqui, vou passar a noite e depois logo de manhã saio à procura de alguém que possa me ajudar.” – pensei quando avistei um beco escuro, sujo, e aparentemente com posse de ninguém. Resolvi me instalar quando fui caindo no sono quando duas mãos quentes no meu pescoço me despertaram rapidamente.

Essas mãos insistiam em apertar o meu pescoço. Ele me segurava por trás enquanto eu era sufocada por entre dedos grossos.

-Caladinha, ok?- disse a tal pessoa para mim, que estava imóvel.- Qual será a sua última palavra?

- Me solta!- os dedos quase se encontravam quando eu ameacei a dar unhadas no meu agressor. Que erro eu havia cometido aquela hora.

- Não, não,não! Não é assim que você deve falar comigo, exijo respeito, menina! – era a voz do meu pai, quase irreconhecível por eu não ter muito oxigênio no cérebro já aquela hora.

Pensei na minha vida até ali. Quando a minha mãe morreu, quando eu fui no primeiro dia de aula, quando eu ganhei meu primeiro presente da minha verdadeira mãe... um flashback me veio à cabeça. Trancada naquele mundo de dor, eu conseguia pensar em míseras coisas, pensei no agressor que seria o meu pai, por que estaria ali? Por que? Desde que a minha madrasta chegou em casa, ele age diferente do que ele agia antes. Bom, não sei. Uma hipótese quase não provável é de que eu tenha deixado o bilhete escrito grudado na televisão onde papai disse que nunca deveria ser colados bilhetes, desobedeci a regra e achei que ele nunca mais ia me ver. E me viu.

Os dedos se encontraram e eu ouvi um estalo. Tudo ficou preto. Eu não via mais nada, não ouvia mais nada. Minhas tentativas de agredir o meu agressor foram inúteis, meu corpo ficou mole e os meus braços ficaram pesados, caí no chão. Foi meu doloroso fim. Depois disso, fico pensando qual seria o motivo de meu pai me agredir daquele jeito. Não sei. Minha madrinha deve ser uma espécie de... bruxa.

Gente, desculpa se esse não se parecer com um fim de uma história. Eu não tive criatividade suficiente para completá-la. Espero que gostem, Marina.